O ano era 2015 e a voz potente de Cid Moreira, que por anos 27 ecoou no Jornal Nacional, continuava no auge após ele narrar todo o Novo Testamento da Bíblia. Assim, percorrendo o país, participava de eventos, palestras, vendo do seu material artístico e, é claro, arrepiava qualquer um que ouvia o vozeirão de perto.
Cid esteve em Campo Grande no dia 13 de maio de 2015 e, antes de entrar ao vivo na TV Morena, no horário do almoço, conversou e tirou várias fotos com funcionários da emissora. Muito simpático com cada “tietada”, repetiu quantos “boa noites” fossem necessários, sendo este o famoso bordão de abertura do JN.
Fui uma das tietes, confesso. Mas, na época, o acúmulo de jornalistas ao redor do também jornalista e apresentador teve motivo: Cid chegou no auge com seu talento. Foram 70 anos de jornalismo, 46 deles na Rede Globo de televisão. Aliás, no aniversário de 50 anos “da casa”, leu o Salmo 23 e deu um “boa tarde” aos telespectadores. “Eu tava ali tremendo, não sei como não caí duro”, disse, na ocasião.
Cid Moreira esteve em Campo Grande para a comemoração do centenário da Igreja Adventista, em Mato Grosso do Sul. Toda a programação que o envolveu teve muita procura e logo os convites se esgotaram.
Durante entrevista ao MS1, Cid brincou ao falar da bancada do jornal e relembrou um momento em que ela “virou”, com script e tudo. O icônico jornalista também falou sobre a narração da bíblia e, mais uma vez, brincou: “Hoje eu trabalho com o todo poderoso”, finalizou.
O apresentador Cid Moreira morreu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos. A informação foi divulgada por Fátima Sampaio, esposa do apresentador.
Conforme reportagem do UOL, o apresentador, locutor e jornalista enfrentava dificuldade de funcionamento dos rins desde 2022 e, por esse motivo, recorria a sessões de diálise. O tratamento, que começou no hospital, passou a ser realizado em casa com a ajuda de sua mulher.
Dono de uma voz inconfundível, o comunicador fez história na televisão brasileira por apresentar o “Jornal Nacional” durante 27 anos. A estreia foi ao lado de Hilton Gomes, em 1969, com quem dividiu a bancada por dois anos. A parceria mais lembrada, entretanto, é com Sérgio Chapelin, com quem trabalhou por mais de uma década.
Ele era formado em contabilidade e a transição para a comunicação aconteceu por acaso, após um amigo, cujo pai era diretor de uma rádio da cidade, ser surpreendido pelo talento do locutor com um microfone em uma festa regional. O amigo o convenceu a fazer um teste de locução e, assim, Cid passou a narrar comerciais até começar a trabalhar na televisão.
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