Por meio de imagens de satélite, equipe de tecnologia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) conseguiu identificar até agora 11 fazendas localizadas no Pantanal de Corumbá onde queimadas não autorizadas podem ter originado incêndios intensos, que devastam o bioma já no início do período de seca.
Nesta quarta-feira (3), o órgão oficializou que inquéritos civis foram abertos para investigar individualmente qual a origem do fogo. Um dos fazendeiros alvos é Luiz Gustavo Battaglin, um dos advogados do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. A que ele administra é a Fazenda Asturias, propriedade que teve maior área queimada de acordo com as imagens obtidas pelo MPMS.
A reportagem ouviu a defesa do sócio e procurador de Battaglin, André Luiz de Vilalva, que cuida dos negócios em Mato Grosso do Sul. No entanto, ele preferiu que as declarações não fossem publicadas antes de serem informadas ao MPMS.
Quais são - A área total queimada, conforme a apuração, é de 498 hectares. Se convertida em campos de futebol, ela equivale a cerca de 700.
Conforme a ordem na tabela acima, as propriedades pertencem a: AIP & LVP Holding e Participações EIRELI e outro; Decio Sandoval de Moraes; Rubens Vedovato de Albres; Felizardo do Carmo e Antar Mohammed; José Romero e Jose Aranda; Agrícola, Ambiental, Florestal e Geotécnica Ltda e Marchetto Empreendimentos Ltda; Luiz Gustavo Battaglin Maciel; proprietário não identificado ainda, já que não tem registro no CAR (Cadastro Ambiental Rural); Teresa Cristina Ribeiro Ralston Botelho Bracher; Decio Sandoval de Moraes (novamente); e Ricardo Augusto de Souza e Silva.
Além de Luiz Gustavo, outro nome de destaque na lista é o de Teresa Bracher, a esposa do ex-presidente do Banco Itaú, Candido Bracher. Em 2020 e 2021, a Fazenda Santa Tereza também registrou grandes incêndios, conforme publicou a agência Repórter Brasil. No ano mais recente, ela declarou ao portal "indignação" com a reportagem e explicou que a propriedade possui praticamente toda sua área destinada à preservação ambiental. Quanto ao fogo, afirmou que iniciou fora da propriedade. Até o fechamento desta matéria, o Campo Grande News não conseguiu meios de contatar Teresa para ouvi-la sobre os incêndios de 2024.
Os proprietários terão 10 dias úteis para se manifestar ao MPMS sobre as investigações, a partir da data de notificação.
Quanto queimou - Em todo o Pantanal, já são mais de 700 mil hectares atingidos por incêndios este ano. A área já é próxima da que queimou o ano todo de 2023: cerca de 900 mil hectares. Os dados são do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Combate a incêndio no Pantanal de MS, em junho (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)
Brigadistas de Mato Grosso do Sul e enviados de outros estados pelo Governo Federal, atuam neste momento nos pontos que pegam fogo.
De acordo com o que identificou a equipe BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 95% dos incêndios que atingiram o bioma este ano tiveram origem em propriedades particulares. A minoria começou em parques estaduais de preservação e terra indígena.
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